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“Os muito ricos têm uma hipervisibilidade. E os pobres, os excluídos, são invisíveis. Já disseram que sou escritora dos invisíveis, mas é porque para mim eles é que são visíveis. No fundo, eu escrevo para dizer: ‘olha pra isso’.”

Maria Valéria Rezende *

A autora homenageada da 4ª FLIMA é Maria Valéria Rezende (Santos, 1942). Radicada há 40 anos no Nordeste, Maria Valéria, que se orgulha de ter recebido o título de cidadã paraibana, tem uma trajetória singular na literatura brasileira.

Freira da Congregação de Nossa Senhora - Cônegas de Santo Agostinho, formada em Língua e Literatura Francesa, Pedagogia e mestre em Sociologia, Maria Valéria dedicou-se, desde os anos 1960, à Educação Popular, em diferentes regiões do Brasil e no exterior, tendo trabalhado em todos os continentes.

Sua estreia na literatura ocorreu pouco antes de completar 60 anos de idade, com o livro de contos “Vasto Mundo” (Beca, 2001, reeditado pela Alfaguara, em 2015). Com os romances “Quarenta Dias” (Alfaguara, 2014) e “Outros Cantos” (Alfaguara, 2016), ambos multipremiados, Maria Valéria se consolidou como uma das principais vozes da literatura brasileira do século 21. Entre outras distinções, Maria Valéria Rezende recebeu os prêmios Casa de Las Américas (Cuba), São Paulo de Literatura, Jabuti e Oceanos. Sua obra inclui diversos títulos para crianças e jovens, alguns premiados com o Jabuti.

Em 2017, Maria Valéria esteve entre as idealizadoras do Mulherio das Letras, coletivo feminista literário que contribuiu, de forma decisiva, para aumentar a participação de autoras na cena literária brasileira.

Os personagens que povoam as histórias de Maria Valéria Rezende são um aspecto distintivo de seu projeto literário. “Seja em seu trabalho no sertão, junto a comunidades paupérrimas, seja nas páginas de seus livros, Maria Valéria se posiciona claramente ao lado dos deserdados da vida”, resumiu com rara felicidade Luiz Ruffato, em artigo para o El País, em junho de 2014.

A FLIMA faz questão de homenagear autores vivos e brasileiros. A escolha de Maria Valéria, Rezende, neste momento delicado da história do país, é estética e ética. Para além da inegável qualidade literária de sua obra, que transita com elegância pelos registros erudito e popular, Maria Valéria talvez seja a mais icônica representante da melhor literatura brasileira contemporânea, uma literatura mais diversa e, felizmente, cada vez menos masculina, branca e voltada aos dramas existenciais da classe média urbana de São Paulo e Rio de Janeiro.

Roberto Guimarães, curador da FLIMA

* Entrevista a Mariana Mendes, do canal Bondelê, em conversa realizada em João Pessoa, no início de 2018, na véspera do 1º Encontro do Mulherio das Letras. Disponível aqui

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